Tangerina forever
Porque uma palavra às vezes pode mudar tudo...
Pai e eu...
Estava aqui a pensar que este ano ia conseguir escrever-te umas palavras sem ficar com o meu olhar marejado.
Mas não.
Ainda fico.
A dor já não dói tanto, mas é maior.
Dizem os filósofos, mestres e pensadores que o tempo cura tudo; talvez.
Mas não dizem o quanto em medida de dias e de horas de rotações da terra ou de estrelas que nascem;
não dizem.
Mas eu acredito porque preciso de acreditar que vou ter tempo para que o tempo possa curar.
Eu acredito porque foste até hoje a única pessoa que me disse que nada era impossível.
E não é; é um facto que eu sinto e se sinto é porque é verdadeiro.
Foste quem me ensinou que mais importante que tudo na vida é sermos fieis aos nossos sonhos sejam eles quais forem.
Se cá estivesses, sei que sentirias orgulho de mim, não pela merda que faço, mas pela mulher que sou.
Ahhh lembras-te mesmo quando discutíamos e dizíamos barbaridades um ao outro nós sabíamos que dali a horas já não era nada, nunca foram barbaridades sinceras.
Ás vezes sinto falta de saber que estás logo ali à mão de um simples - Pai preciso de ti, preciso de ajuda!
Que raiva sinto nesses momentos de desespero; raiva de ti porque te foste embora, raiva de ti porque me fizeste admirar-te e respeitar-te como ninguém, raiva de ti porque se hoje ainda estivesses vivo estaria a meter-me contigo a dizer - ohh cota fazes anos e vais pagar o jantar que te lixas. Sim porque era assim que eu falava contigo e que ralhava contigo; e tu respondias - vai ao merdelau ...
Não consigo deixar de sorrir cada vez que lembro da tua cara a dizer isso. Merdelau...
Pressinto como seria a tua imagem hoje. Cabelo escasso e branco, barba aparada e também branca já sem uma única nuance de cinzas.
Resumindo, darias um belíssimo pai natal magricela, nada que uma almofada não resolvesse. Mas que raio estou eu para aqui a divagar, como se tu tivesses pachorra para te vestires de pai natal. Esse era o teu encanto, não precisavas de encarnar outras personagens, pois tu eras um original do mais puro que já conheci. Sim. Teimoso que nem uma mula, apre chato do caraças. Sempre me tiraste do sério, mas também era comigo que cedias porque me tinhas respeito, porque éramos um elo.
Se tivéssemos tido mais tempo tenho a certeza que a nossa relação actual continuaria a ser de cão e gato, mas eu agora ia ladrar muito mais alto que tu ai se ia!
Ai Pai, tenho tantas saudades de poder dizer esta palavra em voz alta e de saber que ias estar ali para olhar para mim depois. Mas...
Olha desamerda-te, hoje farias anos e já me estás a dever cinco jantaradas.
Tem muita coisa que nunca colocamos em verbos, mas eu lembro do que diziam os teus olhos tal como tu levaste os meus no teu coração.
Parabéns Pai.
e neste momento está a doer...
Um beijo
Cristina
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eu e eu
Tenho que parar de me ver através dos olhos sociais.
Preciso de me ver inteira e deixar de colocar obstáculos e barreiras a minha volta.
Não posso continuar a minimizar a minha essência, pois eu valho muito mais que um corpo seja ele de que forma for.
Explorar caminhos que descubro de forma constante quando me encaro.
Já me abracei sim, acho que mereço o meu abraço, fazer as pazes comigo.
A grande maioria de nós vive zangado consigo mesmo e sem saber.
Ainda tenho muitos remendos para colocar, feridas para sarar e beijos para dar.
Quero-me inteira
Sim já o disse
mas vou ter que o dizer em todos os momentos até que esse querer se funda em mim
Olha eu não vou mais agir como se quase pedisse desculpa por ser como sou
Ouviste?
Então murmura baixinho para o teu coração
EU AMO-TE
diz...diz...
- EU AMO-ME
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eu e eu
sempre; mas sempre que me roubas as lágrimas
elas correm correm
não querem ser apanhadas
esmago-as com as pontas dos dedos sempre que espreitam por detrás dos óculos de sol
esta chuva salgada que sulca dos meus olhos e turva a minha mente
não tem dó de mim nem é clemente
a minha dor nada lhe interessa
lágrimas malditas com o sabor da saudade que fogem do meu rosto
hoje sou eu que as destruo porque elas não sentem amparo
e aquele abraço?
Chega
já chega...
um dia.